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"E se não morreram, viveram felizes até hoje, diz o conto de fadas. O Conto de fadas, que ainda hoje é o primeiro conselheiro das crianças, porque foi outrora o primeiro da humanidade, permanece vivo, em segredo, na narrativa. O primeiro narrador verdadeiro é e continua sendo os contos de fadas." (Walter Benjamin)

sábado, 11 de maio de 2013

Sobre o Contador de História


Qualquer pessoa no mundo pode ser um contador de história. Na verdade, todo mundo conta histórias quando fala de algo que aconteceu na rua, de uma trapalhada da cozinheira, da primeira vez que o bebê falou papai...

E se, todos contam histórias, o que mais fazemos também, é ouvir histórias. Há histórias bonitas, trágicas, de amor ou de ódio, de gente próxima, de gente que a gente nem conhece, nas notícias, nos filmes, nas fofocas...

O tempo todo estamos neste exercício, ora narradores, ora ouvidores.

Neste vai e vêm de histórias reais, tem aqueles que fazem o registro destas histórias, escrevendo livros com histórias fantásticas e personagens fantasiosos que nem nomes próprios possuem, mas são tão conhecidos como, por exemplo, a “ Branca de Neve”. Eles podem representar qualquer pessoa da vida real, bastando que o ouvinte se identifique com o conflito vivido por um dos personagens. Segundo Walter Benjamim “...o contos de fadas, que ainda é o melhor conselheiro das crianças, porque foi outrora o primeiro da humanidade, permanece vivo, em segredo na narrativa...”  Por isso, são estes contos que atravessam os séculos, contados e recontados por gerações, que é claro, sempre acrescentado de um ponto, o que os deixam sempre atualizadíssimos em suas versões.  

As histórias também foram inventadas para amenizar as dores morais dos mais oprimidos. Foi assim que inventaram os personagens Ogros e Bruxas, para que eles fossem punidos pelos males que eles causavam. Isso foi lá na Idade média, no feudalismo. Chamando o Senhor Feudal de Ogro, os camponeses podiam imaginar os finais mais trágicos de seus opressores e assim de certa forma, aliviar as tensões. Não é diferente de hoje quando ouvimos histórias de bruxas, de madrasta. Sempre identificamos alguém nestes personagens, quando não, a nós mesmos. As histórias são para as nossas identificações. É assim que a fantasia explica a realidade e dão-nos as máscaras necessárias para reconhecermos nossos desejos mais íntimos, como num sonho. 

Hoje, o Contador de História tem um lugar muito importante na sociedade. Se pensarmos neste mundo globalizado, repleto de entretenimentos eletrônicos, ipad, ifone, internet, games, fica difícil para os mais jovens de construir sua identidade sociocultural e muito menos adquirir o gosto pela leitura. Por isso os narradores e mediadores de leitura profissionais estão  sendo cada vez mais convidados a desenvolverem sua arte nas escolas, livrarias, bibliotecas, hospitais e até praças públicas.   Este profissional merece reconhecimento pois ele sabe da responsabilidade que é ser um Contador de histórias, que é difundir a cultura, os valores que regem nossos relacionamentos no dia-a-dia e ainda o estímulo à leitura e à literatura. 

Quem conta um conto tem a história na ponta da língua e quanto mais se conta uma história, melhor ela fica, pois sempre se descobre algo novo ou uma nova maneira de contá-la. O contador deve sempre escolher o melhor gesto, a melhor entonação de voz, os melhores recursos a serem utilizados para uma determinada história. Deve ter em mente que contar histórias é um legado no qual o contador se autoriza a reproduzir oralmente um texto de literatura seja infantil ou adulta, e por isso deve, por respeito, bem apresentá-la.  

O mais nobre desse oficio de Contador de histórias é fazer o ouvinte, encontrar ressonância com a sua vida real. É maravilhoso quando ao final de uma apresentação, alguém se aproxima e diz que precisava ouvir aquela história, que naquele momento a história ajudou a enxergar seus problemas de um novo ângulo. Ou quando uma criança, automaticamente, começa a contar coisas que estão acontecendo em sua casa, mostrando o efeito instantâneo que a história causou em seu inconsciente. 

Portanto uma boa história contada é aquela que o narrador faz chegar aos ouvidos do coração!

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