O Chile tem "alma de poeta", se alguém já ouviu ou leu esta expressão, irá
concordar com ela quando for visitá-lo.
No final de abril deste ano, uma história de amor completou
oficialmente 25 anos, por isso escolhemos – eu e meu marido - o Chile para
comemoramos a data. Eu não vou contar a história do meu casamento, nem todos os detalhes desta
viagem, mas trago aqui algumas impressões culturais por nossa rápida passagem por este país visitando sua capital Santiago e depois esticando à
Viña Del Mar e Valparaíso.
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Cerro San Cristóban |
Talvez
essa alma de poeta seja inspirada pelo magnífico cenário tendo os Andes
como pano de fundo, cobertos de neve em contraste com o azul do céu e os belos arranhacéus, ou das belíssimas faciendas
(fazendas) e vinícolas. Mas acredito que seja uma alma mesmo do povo, pois é possível
percebe que as pessoas cultivam flores em seus jardins, e as praças são
cuidadas e feitas para o prazer de desfrutar o espaço com um amigo, turma ou
até levar seu cão para uma volta. Dá para sentar num banco e simplesmente admirar o movimento. É
claro que há muito movimento e problemas de toda grande cidade e houve até uma manifestação civil com passeata e quebra-quebra enquanto estávamos por lá. Isto é comum por lá, pois ninguém pode ir mexendo nos direitos
desse povo que aprendeu a lutar por seus ideais e por si mesmos. Em Viña DelMar há flores cultivadas nos postes das avenidas e o meu passeio ficou
muito mais romântico, difícil não entrar no clima.
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Biblioteca de Bairro de Santiago
em vagão de trem. |
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Minha nova aquisição |
Em Santiago encontrei livrarias em
quase todas as ruas pelas quais passei e bibliotecas em vários pontos da
cidade, me chamando a atenção dessas ideias para facilitar o acesso à leitura. Além disso,
nessa ocasião aconteciam duas feiras de livros ao mesmo tempo em Santiago, o que
demonstra o empenho em se manter essa alma através do incentivo à leitura. Eu não
conheço o lema cultural deste país, mas com certeza deve ser bem forte e levado
a sério. Por essa alma poeta, cultural e toda sua beleza natural, este país me
encantou e me inspirou a criar esta página para deixar tudo isso como uma belo exemplo de incentivo à leitura.
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Feira del Libro de Las Condes |
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Feira del Libro de Plaza de Armas
Celebrando o dia mundial do livro
e do Direito do autor |
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Bibliometrô, encontrada
em várias estações do metrô
de Santiago. |
O Chile tem grandes nomes
na literatura e um dos mais conhecidos por essa alma Chilena é o escritor, poeta
e romancista Pablo Neruda (Nobel de literatura em 1971). Em Valparaíso visitei a
Casa de La Sebastiana onde o escritor passou grande parte de sua
vida escrevendo diante de suas janelas todas voltadas para o mar e para as
casinhas coloridas da cidadela. Além disso, Neruda trazia a fantasia
para dentro de suas casas decorando-as apenas com objetos repletos de sentido e
significados para o poeta que às vezes encomendava de distantes partes do mundo e não descansava
até obtê-las, como quem busca a alma de um lugar através de sua arte, colecionando muitos objetos de arte, não importava o valor comercial, mas outro
valor que o autor tinha por ele, coisa que só alma de poeta consegue alcançar.
O brilhante orgulho da literatura chilena também inspirou
o diretor Michael Radford a produzir o filme “O carteiro e o poeta” (1994), no qual um
carteiro que desejava aprender um pouco mais da vida, se relaciona com o escritor sempre
este tinha remessas a receber, descobrindo com ele a poesia.
Bonito assim me fez lembrar o lindo livro infanto-juvenil, “A
caligrafia de Dona Sofia”, com texto e ilustração de André Neves, que também trata do romance entre um carteiro e uma amante da poesia, no qual o carteiro também se
torna poeta.
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Autor e ilustrador Andrá Neves
Editora Paulinas |
Esta viagem me fez refletir, que a vida tem alma!
E que ela reencarna
em cada história,
em cada poesia, em cada arte...
Fazendo viva a cultura de um povo!
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"As infinitas maravilhas do Universo são a nós reveladas na medida exata em que nos tornamos capazes de percebê-las. A agudeza da nossa visão não depende do quanto podemos ver, mas do quanto sentimos". (Helen Keller)